Pastor, estou enfrentando uma situação difícil que não consigo resolver. Já conversei, já pedi, e isso tem causado problemas sérios, machucando meu relacionamento comigo mesmo, com meus filhos e com minha esposa.

Meu pai era católico e bebeu a vida inteira. Depois de muito tempo, quando perdeu minha mãe, ele virou adventista. Agora ele está obcecado com o que considero um farisaísmo extremo. Ele acredita que só os adventistas vão para o céu, que só eles têm razão por guardar o sábado, e que só eles e Ellen White estão certos. Enfim, essa seita fez uma lavagem cerebral nele.

Eu sou evangélico e já tentei conversar com ele, pedindo que pare de me incomodar com suas crenças adventistas. Mas ele prefere colocar essas convicções acima de nosso relacionamento, a ponto de prejudicar nossa amizade em vez de mantermos uma convivência saudável.

Isso está me matando por dentro. Não sei como resolver. O senhor pode me ajudar? 😕

Resposta:
Graça e paz,

De fato, vocês têm lidado com um problema que afeta a espiritualidade e o emocional. A princípio, pelo que foi dito, seu pai, embora declarado católico, como a maioria dos brasileiros, era apenas formalmente católico, batizado e crismado, mas sem qualquer evidência de cristianismo. Em um determinado momento da vida, foi convencido pelos adeptos do sabatismo e aderiu à seita – isto quer dizer que ele não se tornou cristão, embora, provavelmente, tenha deixado a bebedice. E os problemas continuam nas mesmas áreas. Ainda há um problema espiritual e ainda há problemas emocionais que precisam de solução.

Então, a menos que seu pai abandone o sectarismo adventista para se tornar verdadeiramente cristão – ou então se torne um sabatista nominal, o que é menos provável –, ele continuará proselitista, isto é, continuará tentando fazer com que você e sua família também adiram ao sabatismo. Ele também continuará exclusivista, afirmando que quem não é sabatista não estará na nova criação.

Isto deixa você com um problema relacional, porque, afinal, ele é seu pai e deve ser honrado como tal. No entanto, ele não tem qualquer autoridade para definir a sua fé nem a de seus filhos. Em casos como este, a Bíblia diz que o que o cristão deve fazer é suportar os fracos ou débeis, que é como a Bíblia classifica aqueles que permaneceram presos aos rudimentos do legalismo judaico, como alguém que ainda não morreu para o mundo e não renasceu em Cristo Jesus:
“Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças?” (Colossenses 2:20).

Mas como resolver esta questão com seu pai?

Ao escrever aos Romanos, Paulo dá algumas instruções que você pode guardar e, com sabedoria e graça, preservar da melhor maneira possível o seu relacionamento com ele:

1. Tenha firmeza em sua fé (Romanos 14:5). Paulo diz que cada um deve ter opinião bem definida em sua própria mente a respeito de sua fé. Fortaleça seu entendimento, aprofunde-se no conhecimento da doutrina da salvação pela graça somente, oriente sua família quanto ao assunto e peça aos seus filhos para, caso sejam abordados, sempre que possível, se afastarem e buscarem sua presença e orientação.
2. Não profira julgamento sobre ele (Romanos 14:4). Deus é o juiz, e cada um será julgado conforme a sua fé em Cristo. Os sectários costumam julgar quem é digno ou indigno, quem está salvo ou perdido com base em suas opiniões equivocadas, colocando seus falsos mestres como padrão de verdade acima da Palavra de Deus. Como cristão, você pode simplesmente responder que, ao crer em Cristo, recebeu a salvação pela fé e não pela guarda de mandamentos:
   “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gálatas 3:11).
3. Preserve a sua liberdade (Romanos 14:2-3). Os movimentos sectários invariavelmente estabelecem alguma marca distintiva, e o sabatismo não é diferente (comidas, dias). Os cristãos foram orientados a não ofender os costumes dos cristãos judeus no mesmo decreto em que foram declarados livres das práticas do judaísmo:
   “Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue. Porque Moisés tem, em cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados” (Atos 15:20-21).
4. Seja gracioso e humilde (Romanos 14:1). Independentemente do relacionamento familiar, lembre-se de que você deve agir com o mesmo espírito de Cristo, com mansidão e humildade. Mansidão não significa aceitar a imposição da vontade do outro, mas ser tolerante com sua fraqueza e ignorância, evitando ser contencioso:
   “Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1 Coríntios 11:16).
   As discussões inúteis são obras da carne e apenas endurecem ainda mais corações já endurecidos.
5. Ame o seu pai – ore por ele. Não se esqueça de mostrar-lhe que não quer ouvir sobre a heresia que ele abraçou e que o amor que você tem por Jesus é mais importante do que qualquer outra coisa:
   “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26).
   Você não precisa tratá-lo com desonra, mas deve, com amor e humildade, mostrar pacientemente que já conhece Jesus, o Salvador, e que não quer se prender novamente a mandamentos já abolidos. E lembre-se de que a Bíblia diz que ele, em sua prisão sectária, é apenas um débil, um cego guiado por cegos. Se estiver por perto, sempre haverá a possibilidade de resgatá-lo pelo conhecimento da verdade.

Em Cristo,
Reverendo Marthon Medes

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